EvilSpecial Conheça a perturbadora história de Jim Jones, que
Por um escritor misterioso
Last updated 09 novembro 2024
Outlast 2 é sem dúvida um dos jogos de terror mais brutais e assustadores dos últimos anos. As perseguições e cenas grotescas ocultam também uma boa quantidade de subtramas perturbadoras e inspirações em tragédias bastante reais, e uma delas envolve o principal acontecimento do final de jogo e o antagonista principal, Sullivan Knoth. Hoje, caro(a) Partner, vamos conhecer um pouco da história dos tristes eventos envolvendo o assentamento de Jonestown e seu líder e fundador, Jim Jones, responsável pela maior tragédia envolvendo atos deliberados contra civis norte-americanos até o 11 de setembro. Antes de abordar a história de Jim Jones e os eventos reais de Jonestown, vamos revisitar a história fictícia de Sullivan Knoth em Outlast 2 e os eventos de Temple Gate. Informamos que o artigo conterá spoilers do jogo. Entre os diversos personagens perturbadores presentes em Outlast 2, o principal antagonista não é um dos que vai perseguir, torturar ou tentar matar Blake; o papel de Sullivan Knoth é muito mais abrangente e relevante do que o de seus asseclas. Knoth era um vendedor de sapatos muito pobre que estava prestes a perder sua residência por conta de problemas financeiros, até que em um dia quando estava no limiar do desespero, ele ligou seu aparelho de rádio em uma estação com pregações evangélicas, porém não conseguia encontrar nenhum alento na voz do pastor. De repente, algo se fez audível para ele sob a estática, uma frequência sonora diferente invadiu a mente de Knoth e ele foi tomado pela convicção de que havia escutado a voz de Deus. Esse momento mudaria para sempre a vida do pobre vendedor de sapatos. Knoth alegava que a voz exigiu que ele se tornasse um profeta corajoso e valoroso que iria liderar um grupo seleto de pessoas para a salvação no fim dos tempos; ele contava que olhou para o céu e viu uma figura de um terrível anjo, que seria um conjunto de rodas com múltiplas faces coroadas em chamas. O que Knoth não sabia era que a frequência que ele escutou no rádio era um teste de uma tecnologia experimental da Corporação Murkoff, a empresa por trás dos principais eventos de Outlast. Essa tecnologia foi baseada nos experimentos do cientista nazista Rudolph Wernicke com o Motor Morfogênico e suas propriedades capazes de induzir estados de sonhos lúcidos muito vívidos para manipular cobaias. Não é preciso, por agora, entrar em detalhes acerca dos experimentos de Wernicke, pois só isso já daria um artigo por si só sobre Outlast, o que é preciso entender por agora é que a exposição ao poder ilusório dessa tecnologia, fez com que Knoth percebesse um novo sentido em viver: ele abandonou sua vida e seu emprego e passou a viver como um mendigo pregando seu próprio evangelho para outros renegados da sociedade e pessoas em situação semelhante a dele, fazendo com que essas pessoas abandonassem suas vidas para seguir ao ‘Papa Knoth’ como passou a ser referido afetuosamente por seu rebanho. ”E a palavra do Senhor veio a mim espontaneamente, como um ladrão na noite, envolto em mentiras, mas brilhando com a verdade, uma voz elétrica lançada por um pecador e apanhada por uma haste de metal ~ O Evangelho de Knoth, 3:5” Sullivan Knoth obteve sucesso em reunir muitos seguidores com suas palavras e promessas de cura em uma sociedade pecadora e doente. Isso fez com que ele conseguisse fundar a seita Testamento do Novo Ezequiel e garantiu uma sede para ele e seus seguidores no rancho de uma mulher rica chamada Lydia Deglan. O problema é que a situação no rancho se tornou insustentável devido ao alto número de partos e crianças nascendo em condições insalubres, pois Knoth ordenava seus seguidores a praticar atos sexuais com frequência. As autoridades locais então interviram e fecharam o rancho. Isso fez com que a Murkoff, usando o disfarce de uma voz de Deus, mostrasse a Knoth um local nos desertos do Arizona para o qual ele deveria ir para montar sua própria vila para seus seguidores. Knoth e seu rebanho passaram a vagar às centenas pelo deserto para chegar no local mostrado em alucinações ao profeta, e ao chegar, eles expulsaram os habitantes indígenas locais e fundaram a vila de Temple Gate, o local em que se desenrolam todos os eventos de Outlast 2 no presente. Ainda sem que Knoth e seus seguidores tivessem total ciência, o local escolhido pela Murkoff era uma área remota de testes repleta de torres de rádio da empresa. Dessa forma, os habitantes eram expostos diuturnamente às frequências experimentais que Knoth escutava, e isso fez com que no passar dos anos eles vivessem num estado de deterioração constante da saúde psicológica e sofrendo alucinações frequentes induzidas pela Murkoff, tornando todos ali não só completamente incapazes de qualquer discernimento da realidade, como também em violentos fanáticos religiosos que seguiam Knoth como se ele fosse um santo. A situação se agravou quando Knoth passou a ser informado pela voz que atribuía a Deus de que o anticristo nasceria em seu rebanho, fazendo assim com que seus seguidores começassem a assassinar crianças com o intuito de evitar a chegada destrutiva do anticristo a Temple Gate. Após os eventos principais de Outlast 2 e a busca de Blake Langermann por sua esposa Lynn ter terminado com a morte dela no suposto parto do anticristo, Knoth ordenou que seus seguidores bebessem veneno, resultando em um massacre completo da população de Temple Gate, enquanto ele mesmo cortou a própria garganta, colocando um fim no Testamento do Novo Ezequiel. Agora que foi feita uma introdução sobre o personagem de Knoth e seu papel na ficção de Outlast 2, é preciso introduzir a pessoal real que provavelmente inspirou esse personagem, bem como a tragédia causada por esse indivíduo que enfatiza essa provável inspiração pelos criadores de Outlast. James Warren Jones, conhecido como Jim Jones (13/05/1931-18/11/1978) foi um líder religioso e fundador da seita cristã pentecostal Templo dos Povos. Dono de uma personalidade carismática e cruel, Jones conseguiu iludir uma massiva quantidade de pessoas e transforma-las em fiéis com promessas impossíveis de cura. Ao contrário de Knoth em Outlast, Jim Jones não se tornou um homem perverso por um dia acreditar ter ouvido a voz de Deus: na verdade, desde sua infância, sua mãe era uma mulher delirante que acreditava ter dado luz a um ser messiânico e seu pai era um racista membro da Ku Klux Khlan que impedia o filho de trazer amigos negros para dentro de casa. Ainda em sua infância, o recluso jovem passou a desenvolver interesse por leituras de religiões bem como de líderes espirituais como Gandhi, e até ditadores como Hitler e Stalin. Pouco tempo depois de se formar no ensino médio, Jones tomou ciência da quantidade de renda que igrejas arrecadavam e viu a chance de lucrar quantias absurdas de dinheiro. A soma da ganância, carisma e o ego gigantesco fizeram Jim Jones se tornar altamente popular, passando a angariar muitos seguidores a partir de 1956. Um fato conhecido é de que Jones era um Marxista e seu objetivo era levar sua ideologia para dentro das igrejas e criar uma religião distinta da ‘religião do ópio’, fundamentando a Seita Templo do Povo em uma mistura de ideais cristãos e socialistas; isso se fez evidente, por exemplo, quando Jones impôs que os membros de sua congregação deveriam manter um vestuário modesto. Ele era conhecido também por trair sua mulher constantemente e praticar até mesmo atos de assédio sexual contra mulheres de sua congregação e até mesmo se envolvia com homens. Sempre que ele se sentia atraído por alguma mulher, imediatamente ele usava sua personalidade manipuladora para obter favores sexuais das mesmas. Quando não estava manipulando seus fiéis para obter favores sexuais, Jones os mantinham leais pelo medo, fazendo frequentes pregações sobre o apocalipse e o fim dos tempos para aqueles que não o seguissem. A grande ascensão de Jim Jones ocorreu na década de 1960, quando ele passou também a frequentar os mesmos círculos sociais de pessoas importantes, chegando até mesmo a estar na presença da primeira dama, Rosalynn Carter. Em 1962, ele chegou a morar no Brasil, conduzindo trabalhos em comunidades e favelas, porém acabou retornando para os EUA no ano seguinte para tratar de negócios da seita em Indiana. Vale ressaltar que ele já havia escolhido como base de operações a Califórnia, por considerar mais apropriada para suas atividades. Durante a próxima década, a seita de Jim Jones viria a se tornar alvo de investigações das autoridades federais, e a situação começou a ficar mais difícil para ele no tocante a manter suas atividades criminosas ocultas, por isso, ele decidiu em 1977 fundar uma comunidade na Guiana com o nome de Jonestown. Jonestown era uma espécie de vila que possuía até mesmo uma escola e plantações, e centenas de fiéis de Jim Jones o seguiram para viver no paraíso prometido pelo pastor, mas o que encontraram lá era algo além da promessa de uma vida igualitária no paraíso. Jones confiscou o equivalente a milhões de dólares de seus seguidores, além de tomar todos os passaportes e manipular várias pessoas com ameaças de espancamento, castigos e morte. Ele também obrigava as pessoas a participarem junto com ele de ensaios de um suicídio em massa que ele intitulava como um ato ‘revolucionário’ para livrar a todos dos assédios das autoridades que estariam conspirado contra a paz em Jonestown. No dia 14 de novembro de 1978, o deputado estadunidense Leo Ryan chegou em Jonestown com a intenção de conduzir uma investigação extraoficial junto com outros envolvidos, entre eles parentes dos fiéis de Jim Jones e repórteres; o objetivo era averiguar as denúncias de abusos dentro do assentamento. A equipe norte-americana foi recebida com festa, pois Jim queria manter as aparências de que aquele lugar era seguro e tranquilo, e que o povo ali residente era feliz. Quatro dias após a chegada do grupo, Leo Ryan preparava-se para deixar Jonestown junto com 14 desertores da seita em uma aeronave, quando Jim Jones ordenou que guardas armados assassinassem a todos. Infelizmente, o deputado Leo Ryan e três outros repórteres faleceram no atentado, porém o resto do grupo conseguiu escapar. Já sabendo que a queda era inevitável a essa altura e que as autoridades iriam persegui-lo, Jones ordenou o início do seu plano de suicídio em massa, preparando um ponche de frutas misturado com sedativos e um veneno composto por cianeto. Os seguidores de Jones beberam o líquido sem questionar, resultando em 913 mortes, dentre estes, 304 eram menores de idade e os bebês da comunidade foram mortos com o ponche sendo administrado por meio de seringa na boca. Tudo foi documentado em vídeo. Jim Jones foi encontrado morto no pavilhão central com um tiro na cabeça, provavelmente dado por ele mesmo ou por um seguidor o obedecendo. As histórias assustadoras que estamos acostumados a acompanhar nos jogos de terror nem sempre vem somente para nos assustar; em muitos casos, a arte faz um trabalho de resgate e conscientização acerca de eventos do passado, para que as pessoas pesquisem, leiam e entendam aquilo que não deve ser repetido em nossa história. Outlast, por meio de seus paralelos com a realidade, mostra que nenhuma devoção ou lealdade deve ultrapassar os limites do bom senso e da dignidade humana e que obediência cega só coloca o ser humano em posição de ser tratado como menos do que aquilo que realmente é. E você caro(a) Partner, deseja ver mais inspirações reais de histórias dos jogos de terror? Por favor, comente deixando sua opinião sobre o artigo e sugestões e não se esqueça de compartilhar! Gabriel RicardoAlagoano, Redator do EvilHazard, fã do universo do Terror e apaixonado por Resident Evil Post Views: 2.656 Comments comments
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